Um dos melhores blogs sobre Web Analytics do mundo carrega no próprio nome a essência do conceito: Occam’s Razor. A Navalha de Occam é um princípio lógico atribuído ao lógico e frade franciscano inglês William de Ockham (séc XIV), segundo o qual a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo, e eliminar aquelas que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese. O que quero dizer com tudo isso? Chegaremos lá.
De uns anos pra cá a Web Analítica tem atraído os olhos curiosos de todos aqueles que dependem diretamente da análise de dados para medir o sucesso de suas ações no ambiente on-line: analista de SEO, PPC e mídias sociais, link builders, produtores de conteúdo e fulanos do marketing digital de toda natureza. Mas e agora? Como fazer essa atração inicial e rasa se transformar em uma vantagem sustentável? Como fazer aquele mero exportador de relatórios do Google Analytics, que adora medir o sucesso ou fracasso dos esforços de sua equipe mirando os olhos remelentos e cansados na direção de métricas que dizem tão pouco como “número de visitas”, “pageviews”, “tempo médio na página”, transformar-se em um pedaço de alma útil dentro da empresa?
Se você anda pagando três dígitos por uma hora de serviços ou consultoria em marketing digital e tudo que cai na sua caixa de entrada no final do mês são relatórios do tipo Pôncio Pilatos, aqueles entregues em um pdf lindamente layoutado, contendo uma infinidade de números que não respondem absolutamente nada sobre a pergunta de um milhão de dólares (“O que eu faço pra ter um site foda, que proporcione uma experiência online paradisíaca para o meu usuário e consequentemente otimize meus re$ultados à milésima potência?”), seu dinheiro está sendo queimado no fogo da inquisição.
É sempre a mesma coisa: “blá% dos seus visitantes estão vindo de buscas orgânicas”; “O tempo médio na sua homepage é de blá segundos!”; “Sua taxa média de rejeição é de blá%”; “Blá% são visitantes novos e blá% são visitantes antigos”. Resumindo: foi isso que aconteceu no seu site e eu estou lavando as minhas mãos.
Por outro lado, se você é um profissional ou agência que anda desfilando pelo mercado fingindo vender serviços de marketing digital, tome cuidado com as artimanhas estilo Neverland que sua equipe possa, porventura, estar adotando (principalmente com a finalidade de mascarar relatórios), pois ao final deste post, e cada vez mais, seus clientes estarão capacitados a separar os charlatões daqueles que realmente sabem o que estão dizendo. Afinal de contas, todos possuem um pouco de William de Baskerville dentro de si, não é mesmo?
Se WA não funciona como a base de todas as suas ações na internet, você não está habilitado a vender nenhum serviço de marketing digital, ok folks?
Por fim, se você é aquele cara curioso e paciente, não faltam por aí cursos, dos mais variados níveis e para os mais variados públicos, capazes de provocar a sua curiosidade e desafiar a sua sanidade.
Se você perdeu a última edição do UAI SEO, que colocou mais de 300 pessoas no Teatro Ney Soares em dezembro de 2012, não se permita vacilar novamente. Faça um cronograma 2013 dos maiores eventos de marketing on-line do Brasil e do mundo, faça um escambo de milhas, venda sua coleção de VHS do Seinfeld, encontre alguém que possa alimentar o seu cachorro enquanto você estiver fora e ganhe as estradas esburacadas ou o céu cheio de dióxido de carbono para se manter por dentro das estratégias que estão transformando o modo como os profissionais de marketing enxergam o cenário recentemente intitulado por Julian Assange de “o sistema nervoso central da sociedade”.
The revolution will be javascripted!
Amém.
* William de Baskerville é um personagem do livro “O Nome da Rosa“, do italiano Umberto Eco, que no ano de 1327 investiga uma série de estranhas mortes ocorridas em um mosteiro italiano. O nome é uma referência a William de Ockham, filósofo inglês, e a Sherlock Holmes (livro The Hound of the Baskervilles).